A triste história de Elanor, o Elfo

 Tendo crescido em uma pequena e pacata vila élfica, Elanor sempre teve que disputar a atenção dos pais com o seu irmão mais velho, Aranil. Aranil era o primogênito, mas como se isso não bastasse ele era mais alto, mais forte (até mesmo para os padrões élficos) e mais popular na vila. Em todos os jogos de criança Aranil era o melhor, e como se o destino fizesse questão de caçoar das pessoas, Elanor sempre era o último. Ele cresceu sendo apenas uma sombra do seu irmão, ignorado pela sua família e pelos vizinhos.
 

   Com o passar dos anos, Aranil tornou-se forte e bravo, vindo a tornar-se um paladino élfico enquanto seu irmão, apesar de todos os seus esforços para provar o seu valor e provar que também poderia ser tão glorioso quanto o seu irmão, não passava de um mero mateiro, tentando entender os segredos das matas, o que parecia fácil demais para a maioria dos elfos. Elanor precisava provar o seu valor. Ele tinha uma boa relação com o seu irmão, entretanto, ele precisava provar não apenas para os habitantes da vila e para os seus parentes, mas para si mesmo que ele tinha tanto potencial quanto Aranil. Infelizmente ele não tinha tal potencial.
 

    Incontáveis vezes Elanor tentou se aventurar para fora dos limites da floresta, isto só acabava gerando brigas com alguns elfos locais, que, de certa forma, serviam para humilhar ainda mais o pobre elfo, já qe o seu irmão, muitas vezes, precisava interferir, caso contrário Elanor seria severamente espancado. Certa vez, em mais uma de suas tentativas de explorar os limites da floresta, Elanor foi surpreendido por alguns caçadores. Seu irmão, entretanto, o havia seguido, e, empunhando sua espada élfica, partiu para o seu socorro. Os caçadores, apesar de não estarem com armaduras e armas apropriadas, estavam em maior número e acabaram por imobilizar o paladino élfico, enquanto seu irmão, Elanor, conseguia se esgueirar para um local mais seguro. Temendo pela segurança do seu amado parente, o elfo sacou seu arco e mirou no homem que estava pronto para amarrar o seu quase inconsciente irmão. A flecha voou zunindo através da mata, direto no pescoço de Aranil.
   

    Os caçadores, assustados, largaram o corpo do elfo no chão e correram dali. Elanor estava estático, acabara de atirar no próprio irmão. Alguns segundos depois precipitou-se em direção ao corpo, já sem vida, jogado entre os arbustos. Sem sequer tomar conhecimento da morte do irmão ele levantou o corpo e correu (o que pode…) até a vila élfica. A comoção foi geral. Pouco tempo depois todos na vila já sabiam da morte do jovem paladino. Não demorou muito para lhe perguntarem o que uma flecha élfica fazia no pescoço do cadáver. Elanor contou a verdade, toda ela. Era o mínimo que podia fazer.
  

     Os elfos, bondosos por natureza, perdoaram Elanor, entretanto, ele nunca foi tão rejeitado quanto naqueles últimos dias em que suportou ficar na vila. As pessoas evitavam ficar perto dele, passavam para outras partes do córrego quando ele ia buscar água. Até mesmo a sua família parecia estar tratando-o de forma mais dura, como se seus corações não tivessem perdoado o que ele fizera ao seu filho mais amado. Ao filho mais amado de toda a vila.
   

     Elanor não pôde suportar mais viver como um pária aceito pela sociedade e se mudou para outras partes da floresta, para ter a companhia, pelo menos, dos animais. Porém, era como se a própria natureza conhecesse o seu ato hediondo, pois nem mesmo os animais da floresta sentiam-se a vontade com ele. Elanor estava a ponto de ficar revoltado com toda a situação, afinal de contas ele não tinha culpa do que fizera. Se ele havia atirado aquela flecha era porque ele amava (e realmente amava) o se irmão, no entanto as fortunas decidiram guiar a sua mão na direção errada, e ele não poderia fazer nada em relação a isso.
 

     Não demorou muito até Elanor sentir a necessidade de viver em comunidade mais uma vez. A vila élfica estava fora de questão, então só restava para ele a cidade de homens próxima da borda das matas. E foi para lá que o jovem elfo foi e decidiu levar a sua vida. Lá ele tornou-se um guia pelas matas e um mateiro. Lá ele aprendeu a ler os movimentos e as intenções dos homens, e lá ele aprendeu a confiar apenas nele o no seu arco.

Criado por Marcos P. Pinho

 

15 Comentários

  1. maysa said,

    09 \09\-03:00 março \09\-03:00 2010 às 9:43

    Eu amei o texto pois fala sobre muitas coisas legais

  2. Diogo said,

    16 \16\-03:00 março \16\-03:00 2010 às 16:26

    É, essa história de que foi só um “acidente” pode esconder um desejo oculto no coração de Elanor.
    Afinal, amor e ódio não são tão diferentes assim. E nossa vontade está sempre submetida aos nossos afetos.

    No fundo, Elanor desejava a morte do irmão e, sem dúvida, teve satisfação em ser expatriado. Afinal, como poderia decepcionar toda a comunidade élfica, que o conhecia como um incapaz? Elanor não suportaria ser amado.

    • Radazz Kiol said,

      18 \18\-03:00 março \18\-03:00 2021 às 4:29

      Olha poderia ater ser vero, mas dada a natureza élfica fica meio dificil já que ele possuem métodos de possivelmente ter essa informação, contudo vale ressaltar que amor e ódio são opostos o primeiro deriva do amor incondicional e o segundo deriva do medo, apesar disso ressalto também que o nosso cérebro confunde as emoções, mas somos HUMANOS e eles não, o que os difere em vários aspectos, bem foi só uma ideia…

  3. P. Pinho said,

    23 \23\-03:00 março \23\-03:00 2010 às 17:28

    Hmmmm…..esses comentários me lembram um poema chamado ‘A escrivaninha da luz vermelha’.

    • Michel said,

      21 \21\-03:00 outubro \21\-03:00 2010 às 10:42

      O poema citado é realmente um clássico que exemplifica ou a genialidade de nosso subconsciente, ou a incrível insignificância do papel do emissor frente ao receptor em uma comunicação.

      • MauGusVincen said,

        06 \06\-03:00 fevereiro \06\-03:00 2011 às 21:22

        Michel, teu comentário foi tão complicado que acho que todo mundo que chega no blog para nele, não entende porra nenhuma e desiste de comentar qualquer outra coisa.

      • liz said,

        15 \15\-03:00 fevereiro \15\-03:00 2011 às 23:56

        e loiro entao p nao entender!

  4. pedro said,

    02 \02\-03:00 setembro \02\-03:00 2010 às 19:53

    os elfos foram bons e ruins ao mesmo tempo pois elanor cometeu um erro sem querer e por amor ao seu irmao sem querer o matou.

    Os elfos nao pensaram ates de fazer isso

  5. pedro said,

    03 \03\-03:00 setembro \03\-03:00 2010 às 16:48

    triste essa historia

  6. pedro said,

    03 \03\-03:00 setembro \03\-03:00 2010 às 16:48

    pobre elanor

  7. pedro said,

    03 \03\-03:00 setembro \03\-03:00 2010 às 16:49

    gostei muito da historia

  8. liz said,

    24 \24\-03:00 fevereiro \24\-03:00 2011 às 21:33

    eh cometeu um erro por amor,quem ja nao errou assim!?

  9. LIZ said,

    26 \26\-03:00 outubro \26\-03:00 2011 às 2:11

    EH MUITO TRISTE MESMO UMA HISTORIA ACABAR MAL ASSIM

  10. Leo said,

    10 \10\-03:00 dezembro \10\-03:00 2012 às 0:42

    Bom sem duvidas axo que o cara que postou la em cima esta correto.Acredito que no fundo ele queria mata o irmao sai fora

  11. leonardo said,

    30 \30\-03:00 maio \30\-03:00 2013 às 23:01

    não gostei da historia(pequena e sem graça) o contexto é intesante.


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